Programa de concessões pode amenizar crise do mercado de trabalho
Nova etapa do PIL tem repercussão positiva entre especialistas e mercado
O programa de concessão representa um investimento de quase R$ 200 bilhões, parte distribuída entre os próximos quatro anos e outra a partir de 2019. Estão previstos R$ 66,1 bilhões para rodovias, R$ 86,4 bilhões para ferrovias, R$ 37,5 bilhões para portos e R$ 8,5 bilhões para os aeroportos.
Paulo Feldmann, professor da Universidade de São Paulo (USP), em conversa com o JB portelefone, comentou que o projeto significa um acerto do governo. "Há anos se fala que o Brasil deveria ter um modelo econômico baseado na construção de infraestrutura, foi assim que a China começou. Alguns países se desenvolveram muito via construção de infraestrutura."
O investimento em infraestrutura é positivo porque gera muitos empregos, justamente o que o Brasil precisa agora, salienta Feldmann. Outra contribuição é a possibilidade de reduzir os custos do país, o chamado Custo Brasil -- termo usado para descrever o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o investimento. "[O novo programa de concessões] veio em boa hora, não dá para falar mal. Tem que falar bem."
Em relação à atratividade dessas concessões aos investidores, Feldmann aponta que é interessante que elas consigam atrair empresas estrangeiras, já que as principais empreiteiras brasileiras acabaram com uma "reputação muito baixa", em função da Operação Lava Jato. As empreiteiras brasileiras, inclusive, dificultavam a vinda das estrangeiras. "Acho que agora é a hora de chamar empresas fora do Brasil para virem para cá construir a nossa infraestrutura".
Por outro lado, D'Agostini pondera que o programa envolve um montante pequeno de investimento, que não é suficiente para resolver todos os problemas de infraestrutura do país. Para ele, o programa também poderia ter se pautado mais nos portos e ferrovias, pois no longo prazo estes setores garantiriam o menor custo.
Programa agrada setor de construção e transportes
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) informou por meio de sua assessoria de imprensa que considera positivo o novo plano de concessões, aproveitando para pedir uma maior participação de empresas do setor da construção. “O Governo tem trabalhado bastante neste assunto. Estão gastando energia nisso, o que nos faz crer que estão interessados em eliminar gargalos, reduzindo o Custo Brasil e aumentando a competitividade das empresas”, declarou José Carlos Martins, presidente da entidade. “Acredito muito no Nelson Barbosa, na competência da equipe econômica”, acrescentou.
Para o presidente da CBIC, o investimento de R$ 198,4 bilhões é um passo muito importante para a retomada do crescimento. “É um processo extremamente positivo para o País, pois mais concorrência gera mais transparência”.
O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, parabenizou o governo pelo anúncio, informando que o programa entrou em sintonia com o encontro da entidade com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no dia 27 de maio. "Na ocasião, entreguei ao ministro da Fazenda o nosso Plano de Logística e fico feliz de ver que o encontro foi proveitoso e gerou frutos com esse anúncio. Porém, a CNT quer mais investimentos em infraestrutura para que o país retome o crescimento econômico", disse.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) também avaliou o programa de maneira positiva. O presidente, José Romeu Ferraz Neto, contudo, destacou que ainda faltam detalhes sobre as garantias que serão exigidas, como serão avaliadas as taxas de risco e os critérios a serem utilizados no julgamento das licitações. “Torcemos para as regras não serem tão restritivas. Mas é certo que qualquer efeito positivo sobre o aumento da atividade e do emprego na construção serão sentidos somente a partir de 2016.”
A Associação Brasileira de Concessionária de Rodovias (ABCR), por sua vez, destacou que se trata de "um importante passo para a ampliação de um modelo que já se consolidou como uma forma transparente de investimentos". "O programa anunciado hoje é, portanto, algo a ser comemorado pelo País e é mais uma prova da solidez e eficiência da iniciativa privada para desenvolver, operar, ampliar e modernizar infraestruturas de transporte", disse a entidade por meio de nota, pedindo, contudo, a continuidade das iniciativas para garantir celeridade para a liberação de licenças ambientais e autorizações do governo para a execução das obras, e condições de financiamento adequadas.
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